quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ergo Proxy

Num mundo pós apocalíptico os humanos sobrevivem numa cidade fechada ao ambiente exterior, Romdo. Nesta cidade onde humanos e andróides (AutoReivs) vivem lado a lado, Re-l Mayer investigadora da Divisão de Investigação do Cidadão (tradução livre) é encarregada de esclarecer uma série de assassínios levados a cabo por AutoReivs infectados pelo vírus Cogito, juntamente com o seu parceiro também AutoReiv Iggy. Este vírus tem a capacidade de dar auto-consciência aos andróides. Na sua investigação, Re-l acaba por cruzar-se com uma estranha forma humanóide que mais tarde será conhecida por Proxy. Em Ergo Proxy começando pela animação e acabando nas personagens, temos uma série que se aproxima bastante de uma obra-prima (que para alguns o será). A animação é fantástica, assim como o são as personagens que vivem neste mundo quase claustrofóbico que é Romdo, que sob a capa de harmonia, esconde uma série de realidades mais negras. Quando comecei a ver a série o ambiente lembrava-me muito o filme de Luc Besson o 5º elemento. Entretanto a narrativa começou a entrar por um caminho mais ligado ao fantástico. Primeiro temos a sensação que estamos numa investigação, mas “the big Picture” vai muito mais além do que estávamos à espera. Temos nesta série algo que não é muito normal no que tenho visto no anime, a narrativa embora interligada vai funcionando sempre a diversos níveis, com múltiplos actores que incentivados por motivos pessoais ou não, contribuem para uma série de eventos que desencadeiam os acontecimentos finais. Além das múltiplas visões das personagens acerca do que vai decorrendo, temos diversos conceitos sobre os quais nos vamos deparando ao longo da jornada. Consumismo, auto-consciência do nosso papel no mundo, o papel de Deus, o homem absorto na sua própria genialidade. Aliás um dos conceitos mais centrais nesta série é o de “raison d’être”, a razão de ser do homem, do andróide, do Proxy. Todas as personagens têm uma personalidade vincada e profunda que lhes dá uma veracidade humana, bastante para nos fazer esquecer que estamos a ver ficção. Re-l Mayer é uma jovem, protegida por ser neta do regente de Romdo, que vive apática com uma realidade sem desafios. De muitas formas é uma criança mimada e egocêntrica. A sua investigação sobre a verdade atrás dos Proxys, é ao mesmo tempo uma viagem de auto-avaliação e crescimento pessoal. Vincent Law é a personagem chave de todos os eventos, ele é um imigrante que se esforça para ser um cidadão de pleno direito de Romdo. No entanto dentro dele esconde-se um ser bem mais sombrio do que o aparentemente simples Vincent. Este homem é também Ergo Proxy, o Proxy da Morte, do qual o jovem não tem consciência. A sua jornada é uma de auto-descoberta. A procura da sua razão de ser, a procura das memórias que não tem. Pino também é central, surge quase como o Sancho Pança de Vincent. Pino é uma AutoReiv infectada pelo vírus Cogito e que é uma guia e companheira de Vincent. Sem dúvidas que este é um anime excelente, com grande profundidade, que nos faz reflectir sobre vários aspectos da alma humana, e sobre as dúvidas e receios que nos assaltam, e com um complexidade atraente sobre o universo de que trata. A banda sonora também é óptima, destaco o genérico de abertura. Existem no entanto algumas pontas soltas, que talvez demonstre que este é ainda um projecto a meio. É pouco explorada a razão de ser dos Proxys, a forma como foram criados e o seu propósito. Além disso as próprias circunstâncias que envolvem o vírus Cogito não são claramente explicadas, e nem para onde vão no mundo exterior os AutoReivs que fogem de Romdo. A própria luta de Vincent com o seu alter-ego Proxy One acaba por confundir o espectador numa amálgama de realidades e conceitos. Existem também alguns episódios, principalmente onde são encotrados outros Proxys que... deixam um pouco a desejar. Fiquei com uma sensção de... vazio. Não percebi até que ponto alguns daqueles acontecimentos contribuiram para a narrativa final, mas... Ergo Proxy é um daqueles animes que não podemos perder. Nota – 4,4

Sem comentários: