quinta-feira, 27 de março de 2008

School Days

Três pessoas encontram-se na escola. Durante o ano a sua relação foi-se modificando, dando lugar a três histórias de amor. Sinopse: Makoto Ito é um estudante que diariamente toma o comboio para a sua escola. No mesmo comboio e para a mesma escola também vai sempre uma linda rapariga. O tímido Makoto cria uma paixão platónica por esta rapariga mas sem nunca se aproximar. Um novo ano escolar começa e a sua nova colega de carteira é outra rapariga, Sekai Saionji, que mesmo mal conhecendo Makoto se propõe a ajudar o jovem apaixonado. Através de Sekai, Makoto acaba por conhecer a rapariga do comboio, Kotonoha Katsura. A partir daqui nascem o amor, e os problemas. Opinião: School Days nasce de uma “visual novel” da Overflow, um jogo de carácter erótico, conhecido pelos seus finais trágicos. O que dizer deste animé, transmitido no Japão em finais de 2007? Creio que é uma abordagem muito interessante das relações interpessoais entre jovens adolescentes, e seres humanos em geral. Por vezes a história pareceria encaixar-se melhor numa faixa etária um pouco mais velha, no entanto quando mais do que na adolescência sentimentos de paixão, frustração ou sofrimento são levados ao extremo. E é de extremos que falamos quando se descreve School Days. Quais serão os limites morais do ser humano? É uma das perguntas que esta série não tenta solucionar mas que nos impõe. O que mais me agrada (e recordo que é uma opinião pessoal) é para além de uma história que embora levada ao limite… é plausível, a forma como as personagens evoluem ao longo dos 12 episódios. É um caso onde tudo o que parece não é. Kotonoha surge como uma rapariga frágil, oprimida por colegas truculentas, invejosas dos seus atributos físicos. Uma rapariga que embora apaixonada por Motoko, acaba por se retrair sempre que este tenta chegar um pouco mais além fisicamente. Mas no fim, revela uma capacidade de sofrimento e uma força invejável, apesar de sustentada num amor tornado doentio pela personagem masculina principal. Sekai surge pelo oposto uma rapariga forte e determinada mas que nos vai revelando as suas fraquezas e angústias dominada por acontecimentos que lhe parecem escapar ao controle. E o que dizer de Motoko, um rapaz tímido, típico herói de uma comédia romântica que se torna insensível perante todas as mulheres com quem se relaciona, desenvolvendo ao longo dos episódios uma personalidade egocêntrica, cansada de uma realidade a qual encara com despeito e apatia, entregando-se a uma vida de luxúria, sem metas, onde a satisfação dos próprios desejos é a sua única preocupação. Em School Days as personagens são tudo menos aborrecidas e planas. Existe conteúdo, existe uma evolução onde um princípio, um meio e um fim se estruturam de forma coerente que nos leva a uma solução final (trágica) que dificilmente poderia ser diferente. Motoko é uma personagem que a dada altura cria em nós uma rejeição pungente pela sua amoralidade, não que este seja um rapaz manipulador, ou até malicioso. Apenas segue a corrente, aproveitando as oportunidades que lhe surgem, mas que cria desta atitude extremo sofrimento nas personagens em redor muito por culpa das suas indecisões e egoísmo. School Days consegue também afastar-se da rapariga cliché, endeusada, daí a riqueza interior das personagens principais como das personagens secundárias. É claro que temos o normal amigo tarado, mas a verdade é que tanto as histórias paralelas ao enredo principal, como a própria presença dessas personagens secundárias não parecem ser meros estereótipos de amigos normalmente tidas como inconsequentes. E que dizer da competitividade feminina ao redor de Motoko, dissimulações e traições! Cada personagem parece ter o seu papel fundamental tanto no desenrolar da trama como no crescimento do triângulo amoroso que dá mote à série, especialmente na evolução niilista de Motoko. Tudo bem que lá temos a costumeira visão da “cuequinha da menina”, muitas vezes completamente despropositada, herança óbvia do jogo de computador, mas isto facilmente se ultrapassa, pois acho a história envolvente e com os seus “twists” Q.B. E acreditem que o final é surpreendente. A força motriz desta série é sem dúvida o triângulo amoroso entre Motoko, Kotonoha e Sekai, mas é mais do que isso, é o explorar da dimensão humana, das suas interacções sociais, dos limites impostos por convenções. Retrata-nos egos e super-egos, que se dispersam ao sabor de paixões e desejos. É sobretudo uma visão desapaixonada sobre o mundo. Não diria que é uma obra-prima, mas que está lá quase e que merece ser vista, isso sem dúvida, embora acredite também que é daquelas séries ou que se adora ou que se odeia, mas indiferente nunca. NOTA - 4,2

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei desse anime pra caramba tb XD pena que ja acabou , quero ver começar a assitir Higurashi ,se tiver alguma dica de outro bom anime nesse estilo passa la no meu blog bl , gostei do seu vlws!

http://semprealemdohorizonte.blogspot.com/

Anónimo disse...

adorei anime só não gostei do final.fiquei com pena da kotonoha e do ito makoto.