Se o caro leitor gosta de boas histórias de amor, sem dúvida que esta é uma comédia romântica que não pode perder. Se não aprecia… pode ser que comece a gostar. KareKano é um belo conto sobre o primeiro amor, sobre as dúvidas, as dificuldades e compatibilidades entre um homem e uma mulher, neste caso adolescentes. Yukino Miyazawa é a menina perfeita, aluna exemplar, modesta, simpática e popular. Ou assim parece… na verdade, a Yukino real é a rainha da vaidade, que criou uma personagem sob a qual se apresenta ao mundo. Em rigor, ela só se interessa por ser a número um, deseja ser vangloriada e elogiada por todos. A confusão começa quando no primeiro ano do 2º grau aparece um rival, Souchiro Arima, assim como ela, um aluno exemplar habituado a ser o melhor e o mais popular. Ele também não é a pessoa que aparenta ser, também ele encarna uma personagem de perfeição embora por motivos menos fúteis que a sua rival.
Mas desta rivalidade acaba, após algumas desconfianças e mal entendidos por surgir e parafraseando o próprio anime “da rivalidade à compreensão, da compreensão à amizade, de amizade ao quase namoro e por fim o namoro e o amor”. Até aqui não parece uma série muito diferente do habitual. O que realmente marca a diferença é a forma como ela nos é apresentado. Quantas vezes não adoraríamos estar na cabeça da pessoa com quem namoramos ou casámos, saber o que o outro pensa, o que o outro sente. Aqui acontece exactamente isso, a história desenrola-se perante os nossos olhos através da visão de Yukino e Arima. Permanentemente estamos na consciência dela ou na dele, a ouvir os seus pensamentos, as suas dúvidas, os seus anseios, os seus desejos…
As características pessoais não são inferidas por nós (o que poderá ser “menos brilhante”), são-nos dadas através de uma auto análise profunda das personagens. De certa forma somos muitas vezes levados para dentro da consciência de Yukino e Arima e descobrimos ao mesmo tempo que eles as suas limitações e receios. Do amor surge a vontade de mudança, a vontade de deixar cair as máscaras, e dessa tentativa em mudar, desse pacto entre os dois surgem mais dúvidas, mas surge também uma nova visão sobre a vida. Yukino descobre para além do facto de amar e ser amada, o que é ter amigos, o que é ter cumplicidade, e sobretudo que o mundo é muito maior do que ela pensava.
Além da profundidade de emoções, encontramos também um anime bem disposto e super divertido. Altercam-se situações de profundo dramatismo com momentos de gargalhadas em nada forçadas. Os amigos do casal proporcionam ocasiões hilariantes como o fantasticamente fútil Asaba, que se torna o amigo mais íntimo de Arima mas que começa por ser um rival de Yukino. A intenção de Asaba é formar juntamente com Arima um harém. A família de Yukino vai muito além da família normal, é um lar onde o surreal é quase hábito. Yukino trata o pai como um irmão mais velho, ele vive rodeado de quatro mulheres o que o deixa com a cabeça em água. Hiroyuki Miyazawa é um mais do que um pai, é uma criança grande. É divertidíssimo ver os pais de Yukino que reagem quase sempre da forma menos esperada, como por exemplo quando eles são chamados à escola devido ao abaixamento das notas de Yukino onde eles acabam por defender o amor dela.
A banda sonora é serena e bela, acentuando de forma soberba os momentos dramáticos da série. Não falei muito de Souchiro Arima, a personagem dele é provavelmente a mais complexa, lida com traumas fortes de infância com repercussões nos seus relacionamentos familiares difíceis. Yukino é a primeira pessoa com quem consegue criar laços fortes a ponto de deixar cair a máscara de perfeição. Não vou revelar muito mais, é interessante ver a sua evolução, e se Yukino acaba por crescer e caminhar de uma forma relativamente rectilínea, quanto a Arima as dificuldades são imensas Nem tudo é bom nesta série, a falta de orçamento, que aliás deixa a série sem uma conclusão, fez com que por vezes existam momentos aborrecidos de recapitulação da história. Existem muitas situações em que não há animação, a história desenrola-se como em quadrados manga, isto por vezes é soberbo, enquadra-se perfeitamente no espírito da cena, mas outras nota-se perfeitamente que não havia dinheiro para animadores. Existe até um episódio feito com imagem real e as personagens são figuras desenhadas em pedaços de cartão (experimentalismos interessantes?!).
Mas a estes defeitos sobram virtudes que acabam por tornar a série um “must see”. De entre os momentos dramáticos e cómicos que nos transportam por uma montanha russa de emoções em cada episódio, retenho um extremamente tocante, a forma como Yukino demonstra o seu amor a Arima, simples, belo, quase perfeito. É uma pena o anime não ter uma conclusão, para isso teremos de ler o manga, mas fiquem com a certeza que muitos e bons momentos são passados a acompanhar a história destes dois jovens estudantes. (KareKano foi produzido pelos estúdios Gainax e realizado pelo autor de Evangellion, Hideaki Anno. Os 26 episódios foram transmitidos entre 1998 e 99) Nota - 4,2
Se o caro leitor gosta de boas histórias de amor, sem dúvida que esta é uma comédia romântica que não pode perder. Se não aprecia… pode ser que comece a gostar. KareKano é um belo conto sobre o primeiro amor, sobre as dúvidas, as dificuldades e compatibilidades entre um homem e uma mulher, neste caso adolescentes. Yukino Miyazawa é a menina perfeita, aluna exemplar, modesta, simpática e popular. Ou assim parece… na verdade, a Yukino real é a rainha da vaidade, que criou uma personagem sob a qual se apresenta ao mundo. Em rigor, ela só se interessa por ser a número um, deseja ser vangloriada e elogiada por todos. A confusão começa quando no primeiro ano do 2º grau aparece um rival, Souchiro Arima, assim como ela, um aluno exemplar habituado a ser o melhor e o mais popular. Ele também não é a pessoa que aparenta ser, também ele encarna uma personagem de perfeição embora por motivos menos fúteis que a sua rival. 
Mas desta rivalidade acaba, após algumas desconfianças e mal entendidos por surgir e parafraseando o próprio anime “da rivalidade à compreensão, da compreensão à amizade, de amizade ao quase namoro e por fim o namoro e o amor”. Até aqui não parece uma série muito diferente do habitual. O que realmente marca a diferença é a forma como ela nos é apresentado. Quantas vezes não adoraríamos estar na cabeça da pessoa com quem namoramos ou casámos, saber o que o outro pensa, o que o outro sente. Aqui acontece exactamente isso, a história desenrola-se perante os nossos olhos através da visão de Yukino e Arima. Permanentemente estamos na consciência dela ou na dele, a ouvir os seus pensamentos, as suas dúvidas, os seus anseios, os seus desejos… 
As características pessoais não são inferidas por nós (o que poderá ser “menos brilhante”), são-nos dadas através de uma auto análise profunda das personagens. De certa forma somos muitas vezes levados para dentro da consciência de Yukino e Arima e descobrimos ao mesmo tempo que eles as suas limitações e receios. Do amor surge a vontade de mudança, a vontade de deixar cair as máscaras, e dessa tentativa em mudar, desse pacto entre os dois surgem mais dúvidas, mas surge também uma nova visão sobre a vida. Yukino descobre para além do facto de amar e ser amada, o que é ter amigos, o que é ter cumplicidade, e sobretudo que o mundo é muito maior do que ela pensava. 
Além da profundidade de emoções, encontramos também um anime bem disposto e super divertido. Altercam-se situações de profundo dramatismo com momentos de gargalhadas em nada forçadas. Os amigos do casal proporcionam ocasiões hilariantes como o fantasticamente fútil Asaba, que se torna o amigo mais íntimo de Arima mas que começa por ser um rival de Yukino. A intenção de Asaba é formar juntamente com Arima um harém. A família de Yukino vai muito além da família normal, é um lar onde o surreal é quase hábito. Yukino trata o pai como um irmão mais velho, ele vive rodeado de quatro mulheres o que o deixa com a cabeça em água. Hiroyuki Miyazawa é um mais do que um pai, é uma criança grande. É divertidíssimo ver os pais de Yukino que reagem quase sempre da forma menos esperada, como por exemplo quando eles são chamados à escola devido ao abaixamento das notas de Yukino onde eles acabam por defender o amor dela. 
A banda sonora é serena e bela, acentuando de forma soberba os momentos dramáticos da série. Não falei muito de Souchiro Arima, a personagem dele é provavelmente a mais complexa, lida com traumas fortes de infância com repercussões nos seus relacionamentos familiares difíceis. Yukino é a primeira pessoa com quem consegue criar laços fortes a ponto de deixar cair a máscara de perfeição. Não vou revelar muito mais, é interessante ver a sua evolução, e se Yukino acaba por crescer e caminhar de uma forma relativamente rectilínea, quanto a Arima as dificuldades são imensas Nem tudo é bom nesta série, a falta de orçamento, que aliás deixa a série sem uma conclusão, fez com que por vezes existam momentos aborrecidos de recapitulação da história. Existem muitas situações em que não há animação, a história desenrola-se como em quadrados manga, isto por vezes é soberbo, enquadra-se perfeitamente no espírito da cena, mas outras nota-se perfeitamente que não havia dinheiro para animadores. Existe até um episódio feito com imagem real e as personagens são figuras desenhadas em pedaços de cartão (experimentalismos interessantes?!). 
Mas a estes defeitos sobram virtudes que acabam por tornar a série um “must see”. De entre os momentos dramáticos e cómicos que nos transportam por uma montanha russa de emoções em cada episódio, retenho um extremamente tocante, a forma como Yukino demonstra o seu amor a Arima, simples, belo, quase perfeito. É uma pena o anime não ter uma conclusão, para isso teremos de ler o manga, mas fiquem com a certeza que muitos e bons momentos são passados a acompanhar a história destes dois jovens estudantes. (KareKano foi produzido pelos estúdios Gainax e realizado pelo autor de Evangellion, Hideaki Anno. Os 26 episódios foram transmitidos entre 1998 e 99) Nota - 4,2
Sem comentários:
Enviar um comentário